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sábado, 24 de julho de 2010

Música Evangélica com Ritmos Populares mistura das coisas de Deus com as coisas do mundo

Rolando de Nassau


Na década de 60, por influência da Igreja Anglicana (Geoffrey Beaumont) e da Igreja Romana (Concílio Vaticano II), as igrejas protestantes e evangélicas nos Estados Unidos da América e na Grã-Bretanha começaram a aceitar ritmos e instrumentos populares em seus cultos. No Brasil, o advento da “Bossa Nova” e a promoção de festivais renovaram a música popular brasileira e afetaram o gosto musical da juventude evangélica. Trinta anos depois, Marcílio de Oliveira Filho escreveu: “A influência desse movimento (“Bossa Nova”) logo chegou às igrejas e a juventude evangélica da época começou também a realizar festivais, com as mesmas características dos “shows” populares, com guitarras, violões, baterias e outros instrumentos de uso na música popular”.

Na década de 70, os comentaristas musicais norte-americanos cunharam o termo “Contemporary Christian Music” (CCM), música cristã contemporânea, para designar uma forma de música, baseada na mistura de música popular e “rock”, à qual era adaptada uma letra religiosa. Até então, os evangélicos norte-americanos cantavam hinos, tradicionais (“hymns”) e evangelísticos (“gospel hymns”), cânticos espirituais (“spiritual songs”) e canções evangelísticas (“gospel songs”) (ver: “TIME”, 21 jun 71, pp. 56-63).

Como contrapartida do movimento esquerdista (“Peace Movement”) os jovens evangélicos iniciaram o movimento reavivalista (“Jesus Movement”), por acharem que as práticas tradicionais de culto e de evangelização estavam desatualizadas. Os jovens que eram músicos (tais como Larry Norman) procuraram desenvolver novas maneiras de composição e de execução musical, para sensibilizar as massas de jovens atraídas pelas campanhas evangelísticas. O novo estilo, “contemporâneo”, diferente do “tradicional”, incorporou formas da música popular norte-americana (jazz, blues, rock), que foram importadas por jovens evangélicos na América Latina, na Europa e, afinal, em todo o mundo cristão, em decorrência da internacionalização da música norte-americana.

Isso aconteceu porque os dirigentes musicais na época (décadas de 60 e 70) não conseguiram educar a juventude no sentido de saber discernir entre a música religiosa e a música profana. Outro fator foi a conversão de cantores e músicos profanos que, rápida e naturalmente, levaram seus ritmos, instrumentos e estilos para o seu novo ambiente musical e social (a igreja), onde foram recebidos como atuais e bons. Ao mesmo tempo, jovens cristãos estavam sendo fortemente influenciados pela música popular (ver: “O Jornal Batista”, 7 ago 2000, p.7).

Na década de 80 surgiu uma indústria musical evangélica, baseada em artistas, gravadoras, emissoras de rádio e televisão, lojas de discos; a CCM tornou-se um negócio altamente lucrativo; o mercantilismo deturpou o ideal inicial do “Jesus Movement”; Amy Grant e Michael W. Smith vendiam milhões de discos. Mas alguns artistas concorrentes (por exemplo, a banda “U2”) saíram da esfera comercial de Nashville, Tennessee (USA) e foram procurar gravadoras profanas, onde usaram outros ritmos (rap, punk, hip hop, metal rock, hardcore, grunge, trash).

Na década de 90, alguns artistas rebelaram-se contra os estereótipos da indústria da CCM e adotaram estilos ainda mais ousados.

Entre os comentaristas há os que são radicalmente contrários; os que admitem o uso da CCM para fins evangelísticos, embora reconheçam que a CCM abandonou o padrão bíblico e sua responsabilidade perante a igreja local; e os que consideram a CCM mais uma forma de arte do que um método de evangelização.

Mark Hayes, em 1997, declarou: “Existem canções que são cantadas em concertos de Michael Smith que atraem os adolescentes, mas que não são apropriadas para uso no culto”.

Michael Smith foi expoente da CCM; atualmente, encontra-se na música “pop”. Em recente “show” de MS, não houve reflexão, nem oração; nem leitura bíblica, nem pregação do Evangelho; MS aderiu à idéia de realizar um evento pós-moderno para uma sociedade pós-moderna. Jovens que pertencem à classe social acima da média desejam ter uma experiência religiosa usufruindo as benesses do Primeiro Mundo. O fenômeno da religiosidade ocorre mais facilmente no abandono do espírito profético (sinal de contradição) e no afago do espírito secularista (sinal de adaptação). O retorno, à religião ou à experiência religiosa, aparece mais acentuado justamente nas sociedades pós-modernas, em que mais depressa foram sentidos os efeitos globais do desenvolvimento econômico. Mas a sociedade pós-moderna é marcada pelo descompromisso religioso. O retorno à uma reunião de crentes, facilitado por música com ritmos e instrumentos populares, significava, naquele “show”, o desejo de preencher um vazio espiritual e acalentar uma carência emocional. Isto não implicava um compromisso com Cristo, muito menos com uma denominação ou igreja.

Equivocam-se os pastores, os músicos e as igrejas quando pensam que a música, com ritmos, instrumentos e estilos populares, é fator primordial e essencial para que ímpios, especialmente os jovens, retornem ou se mantenham interessados numa experiência religiosa.





Fontes: http://www.musicaeadoracao.com.br/artigos/meio/musica_ritmos_populares.htm e youtube

Um comentário:

Ana disse...

Olá,seu blog é uma benção. Gostei do artigo. Gostaria de saber como eram tocadas as canções nas igrejas antes do surgimento das músicas contemporâneas de hoje.
Abraços!!

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