A questão do livre arbítrio é um ponto central de divergência entre arminianos e calvinistas, afetando suas compreensões da salvação, da soberania de Deus e da responsabilidade humana.
Visão Arminiana:
* Livre Arbítrio Significativo: Arminianos acreditam que os seres humanos possuem um livre arbítrio genuíno, mesmo após a queda. Embora a natureza humana esteja corrompida pelo pecado, a graça preveniente de Deus capacita cada indivíduo a responder ao chamado de Deus para a salvação.
* Capacidade de Escolha: Os arminianos enfatizam que as pessoas têm a capacidade de escolher aceitar ou rejeitar a oferta de salvação de Deus. Essa escolha é vista como um ato livre e responsável do indivíduo.
* Soberania de Deus Limitada: A soberania de Deus é entendida de forma a não anular a liberdade humana. Deus deseja a salvação de todos e providencia os meios para isso, mas respeita a decisão de cada pessoa.
* Salvação Condicional: A salvação é vista como condicional à fé e ao arrependimento do indivíduo. A graça de Deus torna a salvação possível, mas a decisão final de aceitá-la ou não reside no livre arbítrio humano.
Visão Calvinista:
* Livre Arbítrio Limitado pela Depravação Total: Calvinistas sustentam a doutrina da depravação total, que afirma que o pecado afetou todas as áreas da natureza humana, incluindo a vontade. Como resultado, os seres humanos são inerentemente incapazes de escolher o bem espiritual ou buscar a Deus por si mesmos.
* Incapacidade de Escolha Espiritual: Na visão calvinista, o livre arbítrio do ser humano está escravizado ao pecado. As pessoas escolhem livremente de acordo com sua natureza pecaminosa, mas essa natureza não as inclina a buscar a Deus ou a desejar a salvação.
* Soberania Absoluta de Deus: A soberania de Deus é central na teologia calvinista. Deus é visto como tendo controle absoluto sobre todas as coisas, incluindo a salvação. Sua eleição é incondicional e baseada unicamente em Seu propósito soberano, não na presciência da fé humana.
* Salvação Monergística: A salvação é entendida como uma obra monergística, ou seja, uma obra exclusiva de Deus. É Deus quem, por Sua graça irresistível, regenera o coração do eleito, capacitando-o a crer e a se arrepender. O livre arbítrio humano não desempenha um papel causal na salvação.
Em resumo:
A principal diferença reside na extensão e na capacidade do livre arbítrio humano em relação à salvação. Arminianos acreditam em um livre arbítrio capacitado pela graça que permite ao indivíduo escolher ou rejeitar a salvação, enquanto calvinistas defendem que o livre arbítrio está escravizado ao pecado, tornando a intervenção soberana de Deus (graça irresistível) necessária para a salvação. Essa divergência fundamental leva a diferentes compreensões da natureza de Deus, da natureza humana e do processo da salvação.